segunda-feira, 4 de março de 2013



A mulher



“Hoje quero alguém que me tire as rédeas das mãos, me ponha sentada no colo e me diga que vai me levar não-importa-pra-onde. E foi quando eu decidi que embarcaria nessa viagem qualquer, que percebi que sou mulher. É preciso muito mais força pra se deixar guiar… não é?”

“Quer saber quando me senti mulher? Quando um homem me tratou como mulher e ponto. Ele era um estranho, isto é, não sabia deste meu histórico “fálico”. Ele me conduziu entre os lugares. Decidiu por nós. Mandou. E eu achei deliciosamente bom estar entregue àquele homem.”

“Me sinto mulher quando vejo que não posso me controlar, me entender, e me racionalizar. Quando simplesmente abraço esta confusão de sensações e sentimentos.”

Mulher não tem signo, nem símbolo. A gente não sabe exatamente o que é que nos torna o que somos. O que é que dá a pitada final naquele caldo de emoções conflitantes.”

“Ser mulher é uma coisa que vem e que vai…”

“Eu tinha um casamento, um emprego, uma vida. Mas eu não ME tinha.”

“No parto também, a feminilidade exalava por todos os poros, literalmente. Momentos como esse nos ligam à todas as mulheres que vieram antes de nós, e eu sentia que todas as minhas antepassadas estavam ali comigo, parindo.”

“Fui mulher sempre que me apaixonei, sempre que me senti tocada de alguma forma, pelo masculino. Deixava de ser quando esse mesmo masculino não sabia me conduzir, e eu assumia minha porção máscula, como aprendi bem a fazer pela sobrevivência.”

“Tornei-me mulher quando entendi que podia ser forte, mas não precisava ter medo de ser frágil. Quando aprendi que podia carregar o mundo nas costas, mas chorar porque estava pesado.”

“Viro mulher todos os dias quando durmo só e acordo molhada de sonhos indizíveis, pulo os brinquedos pra beijar meu guri, vou pro trabalho cantando com o rádio, chamo meu chefe de meu bem por força de outros hábitos, corro pra casa e faço supermercado na hora do almoço, levo carro pra revisão, pago as contas, levo trabalho pra casa, busco filho na escola, leio o Borges, mando presentes pelo correio para gente querida. Viro mulher sempre que posso, quando esqueço de tudo e me deixo levar pela onda que abraça a mim e ao homem que move o meu desejo.”
 

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