quarta-feira, 20 de março de 2013



A História das Novelas Brasileiras

"Novela, o próprio nome já define: um novelo, que vai se desenrolando aos poucos." (Janete Clair)


A dramaturgia brasileira é hoje não só um cartão postal de nossa televisão, como também de nosso país. Até hoje foram 720 novelas, em 14 emissoras diferentes. 


Sua Vida Me Pertence


O gênero "telenovela" começou no Brasil em 1951, trazendo tramas ainda baseadas no modelo dos teleteatros, só que as mesmas se desenvolviam não só em um capítulo, mas em vários como até hoje. A primeira novela foi "Sua Vida Me Pertence", da PRF-3 TV Tupy-Difusora, canal 3 de São Paulo, em dezembro daquele ano. Protagonizando a história estavam Vida Alves e Walter Foster, com a participação de Lia Borges de Aguiar também. E foi também nesta novela que a televisão brasileira concebeu seu primeiro beijo na boca. Walter Foster e Vida Alves foram os protagonistas desta cena, que para muitos telespectadores foi tido como um escândalo, surgindo muitos boatos e cartas enviadas à TV Tupi criticando a atitude dos dois atores.




 As novelas eram ao vivo e possuíam 15 capítulos, que eram passados às terças e quintas-feiras. E desta forma descobriram a forma de manter o público grudado em frente a televisão.
 
E depois deste teste, a Tupi só realizou novelas no ano seguinte, sendo respectivamente "Noivado nas Trevas", "Um Beijo na Sombra", "Rosas para o Meu Amor", "Uma Semana de Vida", "De Mãos Dadas", "Direto ao Coração" e "Meu Trágico Destino". Um ano após sua fundação, a TV Paulista resolveu também fazer suas novelas, começando neste mesmo 1952 com "Senhora", "Helena", "Casa de Pensão" e "Diva", respectivamente. Neste mesmo ano, fora de São Paulo, nasce a primeira novela carioca: "Sinhá das Dores", na TV Continental (canal 9). Enquanto a Tupi adotava romances latinos e histórias vindas de novelas radiofônicas, peças teatrais e de seus teleteatros, as demais se dedicavam a adaptação de obras literárias, como pudemos ver. Nesta primeira fase Machado de Assis, José de Alencar e Erico Verissimo eram os autores prediletos para se fazerem adaptações.
 


Logo a Record entrou no páreo, atingindo grande sucesso com a novela Éramos Seis, a primeira das quatro adaptações da obra de Maria José Dupret, sendo que nesta Dona Lola era Geny Fonseca e um dos seus filhos era o hoje locutor Silvio Luiz. Sabiam?
 
Novela diária
 
O telespectador brasileiro acabou gostando tanto de novela, que achava o cúmulo esperar dias para assistir outro capítulo. A novela começava a criar a ansiedade no mesmo, para que ele se prendesse de vez no gênero. E a idéia de se fazer novela diária era um absurdo...Não sabiam se os gastos seriam compensados. Sem esquecer que era preciso um estúdio só para novelas agora, pois eram cenários que sempre estariam iguais e por semanas. Mas a TV Excelsior, com sua mania constante de inovação resolveu tentar fazer novela diária, o que fez com que a emissora se consagrasse até seus últimos dias. Assim lançou, já na era do video-tape, a primeira novela diária: “2-5499 Ocupado”, que durou de julho a setembro de 1963. E a Excelsior conseguiu que com sua publicidade consagrasse seus atores como ídolos fiéis do público. Assim, nesta novela, o par romântico Tarcísio Meira e Glória Menezes nasceu.

 
Em 1964 quando viu que o gênero diário estava tirando de si seu fiel pública, a TV Tupi resolveu entrar na dança e lançou suas novelas diárias: a adaptação da história cubana "Alma Cigana". Enquanto isto a Excelsior continuava fazendo a fama, agora com “A Moça Que Veio de Longe”, adaptação de uma trama argentina feita por Ivani Ribeiro. E a publicidade consagrou nesta trama o casal Hélio Souto e Rosamaria Murtinho.

 
A Tupi só conheçou competir de igual para igual com a TV Excelsior quando resolveu adaptar em 1965 “O Direito de Nascer”, adaptação de Teixeira Filho e Talma de Oliveira do romance cubano de Félix Caignet, que anos antes havia sido considerado a mais famosa radionovela brasileira, sucesso da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A Tupi começou a utilizar os mesmos recursos publicitários da Excelsior e no último capítulo da novela lotou o Maracanã de fãs que queriam ver de perto os ídolos da novela.

 
E a Excelsior batia de frente com a Tupi neste mesmo ano, quando Ivani Ribeiro escreveu “A Deusa Vencida”. A história que lançou Regina Duarte às telas. E a novela consagrou não só os atores, como também diretores - como no caso de Walter Avancini e David Grimberg, que foi considerado na época o "Papa das Novelas".



Globo entra no jogo
Em 1964 começa a ser formada no Rio de Janeiro a Rede Globo que planeja investir no gênero também, mesmo sabendo da dificuldade que era enfrentar a Tupi e principalmente a gigantesca Rede Excelsior. Ela entra no ar em 1965. Seu primeiro passo foi contratar o resto dos atores que a Excelsior não levou da TV Rio - que só produziu 3 novelas e de 1963 a 1964 - e os da TV Continental, assim aos poucos ia se consolidando na capital carioca. Ao comprar a TV Paulista e começar a formação de rede, tinha sua idéia inicial de competir em São Paulo com a TV Record no ramo da dramaturgia e aos poucos tentar competir com as demais. E foi isto que fez. Ainda como TV Paulista as Organizações Globo produziram "Padre Tião" e "Um Rosto de Mulher" em 1966. Aos poucos a TV Globo Paulista assumia o lugar do primeiro canal 5 de São Paulo.
 
No Rio de Janeiro a Globo contratou a cubana Glória Magadan para fazer novelas parecidas com as tramas latinas da Era do Rádio. Suas novelas se passavam em diversos lugares do mundo e suas histórias falavam normalmente de nobres ou de poderosos. Exemplo disto foi a primeira novela da TV Globo, canal 4 do Rio de Janeiro: "O Sheik de Agadir", com Henrique Martins no papel-título. No ano seguinte, em 1967 a Globo contrata Janete Clair, que escrevia radionovelas, para auxiliar Glória Magadan. Janete começa a dar mais sucesso à emissora do que as histórias de Magadan davam.
Voltando a falar dos sucessos da TV Excelsior... Em São Paulo Ivani Ribeiro se consagra como a maior teledramaturga da época. São desta épocas as novelas “As Minas de Prata” e “Os Fantoches”, entre outras. “A Pequena Órfã“ é consagrada como a primeira novela infanto-juvenil de sucesso, sendo escrita por Teixeira Filho em 1968. E Raimundo Lopes lança “Redenção”, a novela mais extensa de nossa dramaturgia, que ficou no ar de 1966 a 1968 e esta foi responsável pela construção da primeira cidade cenográfica da TV brasileira - em São Bernardo do Campo. Esta novela, com seus 596 capítulos, consagrou seu protagonista na telinha: Francisco Cuoco, no papel de Doutor Fernando.

Fala, broto!

No final dos anos 60 é preciso modificar o que faltava nas novelas: sua linguagem. Não daria mais para ouvir o garoto pequeno falando como um sábio conhecedor de nossa gramática! E desta vez a TV Excelsior não foi a responsável... A TV Tupi lança aos poucos a mudança de linguagem, começando por “Antônio Maria” (1968) de Geraldo Vietri, com no Sérgio Cardoso no papel-título e a seu lado Aracy Balabanian como seu par romântico.

 
Mas a mudança de vez na linguagem vem graças à “Beto Rockfeller” (1969), a história de um trambiqueiro que se passava por milionário, escrita por Bráulio Pedroso, a partir da idéia de Cassiano Gabus Mendes. Se destacaram nesta Luiz Gustavo (como Beto Rockfeller), Bete Mendes (como sua namorada) e Irene Ravache (como sua irmã). A novela teve tanto sucesso que anos depois fizeram sua continuação, com a trama "A Volta de Beto Rockfeller".

 
O sucesso de Geraldo Vietri em tramas do cotidiano viria com outro sucesso falando de outro estrangeiro (Antônio Maria era português): “Nino, o Italianinho”, interpretado por Juca de Oliveira.
 

Glória Magadan começa a perder seu cartaz na Globo e Janete Clair aos poucos vai tomando seu lugar. “Véu de Noiva”;  (1969) é a primeira novela escrita somente por Janete Clair. Nesta época Magadan é demitida e desaparece de nossa dramaturgia.


A TV Excelsior, mesmo com muitos problemas e crises econômicas não abandona suas produções até o final. A Excelsior independente de crises, sempre primou pela qualidade de seus programas. Em 1968 Ivani Ribeiro escreve “A Muralha”, adaptado do romance de Dinah Silveira de Queiróz (nas duas versões desta trama, a da Excelsior e a da Globo, o personagem Dom Braz de Olinto foi interpretado por Lauro Mendonça) e quase prestes a falir lança em 1970 “Sangue do Meu Sangue” de Vicente Sesso, com Fernanda Montenegro e Tônia Carreiro.



Em 1970 a Globo dá um grande passo para suas produções dramatúrgicas: abre três horários de novelas (19h, 20h, 22h) e emplaca as novelas dos três horários: “Pigmalião 70”, "Véu de Noiva" e “Verão Vermelho”, respectivamente.




A TV Cultura produziu também novelas educativas após ser comprada em 1970 pela Fundação Padre Anchieta, mas por pouco tempo. Antes disso ela produzia suas novelas, seguindo o padrão de sua irmã-gêmea, a TV Tupi - mas não obteve grande sucesso nenhuma de suas tramas na década de 60. As que mais se destacaram foram "Olhai os Lírios do Campo" e "As Professorinhas". 

O fim da Excelsior

A Record, com o crescimento da dramaturgia global e o fim da TV Excelsior vê um espaço para se reposicionar no gênero. É assim, após conseguir melhores equipamentos e profissionais para fazer suas novelas acaba se destacando em 1971 com "Os Deuses Estão Mortos", de Lauro César Muniz. Mas mesmo com a produção contínua de suas tramas, a Record nunca mais obtém sucesso igual.



Quem se dá bem nessa é a Rede Tupi que começa a brigar com a Globo, uma luta que dura até sua falência em 1980. A Globo muitas vezes se viu prejudicada pela pioneira da América Latina. E Ivani Ribeiro se transfere da Excelsior para a Tupi na época, onde realiza algumas das seguintes novelas de sucesso: "Mulheres de Areia", "A Viagem", "O Profeta" e "Aritana". Foram 6 anos de parceria entre Ivani e a Tupi. Já Geraldo Vietri continua a produzir novelas na emissora, como "Meu Rico Português" (1975) – outra vida de outro estrangeiro relatada! E Teixeira Filho também volta à tona com seu "Ídolo de Pano" (1974). E fazem sucesso novos talentos no ramo da dramaturgia: Sérgio Jockyman, com "O Machão" (1974) e a dupla Silvio de Abreu e Rubens Ewald Filho no grande sucesso "Éramos Seis" (1977). Este roteiro foi reutilizado pelo SBT em 1994.
A Tupi sabia do crescimento da TV Globo muito bem, a ponto de assumir isto publicamente para não perder sua audiência.




"Locomotivas" (1977), "Anjo Mau" (1976) foram novelas das sete horas que fizeram sucesso na Globo nesta época. Ambas escritas por Cassiano Gabus Mendes, que saía da Tupi depois de mais de 20 anos e estreava como novelista na Globo, causando muita polêmica na época. Já que muitos achavam que ele estava traindo a emissora que o fez como profissional competente.




E a Globo não dava tempo para a Tupi e bombardeava a tela com diversos sucessos, principalmente os escritos por Janete Clair: "Irmãos Coragem", "Selva de Pedra", "Pecado Capital", "O Astro", etc. Em outro horário Dias Gomes, marido de Janete Clair também se destaca com suas tramas dotadas de realismo fantástico, como no caso de "O Bem Amado" (1973) – quem não se lembra do eterno Odorico Paraguaçu e o povo de Sucupira? – e "Saramandaia". Seria bom lembrar de sua trama"O Espigão" (1974), que contava a história dos moradores dos prédios que tangenciavam o Elevado Costa e Silva, em São Paulo, que estava sendo construído na época. É bom lembrar que isto poderia ser tido como uma opinião da própria emissora, já que a mesma foi prejudicada pela construção do Elevado Costa e Silva, já que sua sede na Praça Marechal Hermes ficou escondida ao lado do viaduto, fora o barulho que atrapalhou as produções globais em São Paulo.




Bráulio Pedroso também vai para Globo e critica em suas tramas a burguesia de forma cômica. E o canal 5 resolve também investir em tramas adaptadas de livros. Assim lançam diversos sucessos, como "Cabocla". E Gilberto Braga começa a fazer sucesso na emissora com a mesma idéia de adaptar obras, como no caso de "Escrava Isaura", sucesso internacional de público e exportação e independente do estilo lança "Dancin' Days" (1975), em plena época da discoteca. Neste mesmo ano muitos outros sucessos a Globo obtém, entre eles "Gabriela", adaptado por Walter George Durst – antes profissional da TV Tupi e Excelsior – em cima do romance de Jorge Amado.



A TV Tupi aos poucos vai falindo no final dos anos 70 e a TV Bandeirantes, que vinha se preparando para o fato desde sua fundação resolve apostar na dramaturgia de vez e contrata profissionais da Tupi (atores, diretores, técnicos, ... ). Assim lança "Cara a Cara", uma mistura entre os profissionais da Tupi com os da Globo, sob um diretor vindo da Excelsior (Vicente Sesso , autor de "Sangue do Meu Sangue").



Novidades no ar

A Bandeirantes continua investindo em tramas, sendo que em 1980 cria um grande estilo novela regionalista para a TV brasileira, através de Benedito Ruy Barbosa através do sucesso d´"
Os Imigrantes". A obra era muito cara e foi rejeitada pela Globo antes (assim como aconteceu com "Pantanal"). Walter Clark começa a dirigir a emissora e aos poucos a Bandeirantes se afunda em dívidas. Pretende então deixar de lado a dramaturgia para reter lucros para reerguer a emissora.



Com o fim da Rede Tupi, ela se divide em duas: SBT e Rede Manchete. Através da Manchete o governo permite a reabertura do canal 9 de São Paulo, que desde 1970 estava fechado.
Em 1981 o SBT entra no ar e importa novelas latinas, chegando a produzir textos adaptados de romances latinos também, como também produz tramas totalmente nacionais ( "Jerônimo", uma radionovela heróica, já feita anteriormente pela Rede Tupi e a série "Joana", com Regina Duarte), algumas em parceria com a produtora Miksom – que dura até 1991 ("Cortina de Vidro" e "Brasileiras e Brasileiros"). Mas não se igualam as produções globais.

Quem começa a se arriscar a competir com a Globo de forma igual é a Rede Manchete, que surge em 1983. Foram feitas várias produções até surgir o sucesso de "Dona Beija" (1986); e de "Kananga do Japão" (1989), ambas do novelista Wilson Aguiar Filho.



A Globo está mais fraca que antes, mas continua como a campeã de audiência. É destaque na década duas novelas "Vale Tudo" (1988) de Gilberto Braga (quem matou Odete Hoitmann?) e Cassiano Gabus Mendes consagra as novelas da sete com um tom cômico, principalmente "Que Rei Sou Eu ?", de 1989. Silvio de Abreu também faz sucesso na emissora, com suas tramas humorísticas, como no caso de "Guerra dos Sexos" (1983), que depois de anos traz Paulo Altran para a televisão ao lado de Fernanda Montenegro.



E Ivani Ribeiro, que desde o fim da TV Tupi estava encostada, estréia na Globo no final de 1982 com "Final Feliz". A partir daí só se dedica à remakes de suas histórias e outras baseadas em outras novelas que não foram de sua autoria. E nesta época Benedito Ruy Barbosa volta para Globo para adaptar para telinha "Sinhá Moça", o romance de Maria Dezonne Pacheco Fernandes. Surge tambémWalter Negrão e Aguinaldo Silva. Manoel Carlos e Lauro Cezar Muniz também começam a fazer sucesso na emissora.
Um dos principais marcos da dramaturgia nacional dos anos 80 foi "Roque Santeiro" (1985), de Dias Gomes, que é tida como um dos símbolos do fim da ditadura militar e da censura na televisão brasileira, já que esta novela foi censurada pelo governo em 1975.



Guerra pela audiência

Dias Gomes e Aguinaldo Silva escrevem "Tieta" (1989), do romance de Jorge Amado – o último grande sucesso da Rede Globo antes de sentir o "baque". Este, que veio justamente quando a Rede Manchete resolveu bancar a novela "Pantanal" de Benedito Ruy Barbosa, em 1990. Benedito repetia na Manchete o mesmo susto que sua novela "Os Imigrantes" provocou na Globo anteriormente... Só que foi em grande escala.



 A Globo não acreditava que uma trama tento a natureza de fundo conseguisse quebrar sua audiência. Pela primeira vez, desde o início da década de 70, uma emissora conseguia ter mais audiência que o plim-plim. Manchete teve que abrir mais dois intervalos comerciais dos quatro normais, pois existiam mais anunciantes do que intervalos. A Globo não perdeu tempo, contratou de volta Benedito Ruy Barbosa para depois ele fazer "Renascer" (1993), "O Rei do Gado" (1996) e "Terra Nostra" (1999).



A Manchete logo após atingiu sucesso, mas menos que Pantanal com "A Fantástica História de Ana Raio e Zé Trovão", a única novela itinerante do mundo. A cada semana uma cidade diferente a novela visitava, a equipe também, a emissora também... A novela não tinha um cenário fixo e se assim se aprofundou no universos dos peões e dos rodeios brasileiros. Essas "viagens" foram culpadas por uma crises que fariam os Bloch venderem a emissora à IBF... Apesar que depois a IBF não pagou a dívida e os Bloch recompraram a emissora, acumulando-a até sua falência em 1999. Amazônia não encantou o público, sendo reformulada no meio do caminho e estabeleceram até uma 2ª fase, como se tratando de uma novela diferente, chegando até a ter uma nova divulgação de lançamento. Mas não podemos esquecer que antes de falir a Manchete em 1997 voltou a fazer sucesso com a novela "Xica da Silva", com Taís Araújo – de Walter Avancini - e começou a cair bruscamente com "Mandacaru" e "Brida", que nem chegou ao final, tendo seus últimos capítulos narrados sob uma edição de cenas antigas. O fim de "Brida" mostrava claramente que a emissora estava com seus dias contados. Depois disso reexibiram "Pantanal" (como já tinha feito em 1992). E a novela ficou no ar até a transformação de Rede Manchete para RedeTV!.

O SBT quando viu que a Manchete conseguiu desafiar a Globo, anos depois contratou os profissionais do canal 9 para fazer suas novelas 100% nacionais, acreditando que o sucesso estaria no remake de novelas que deram grande audiência em nossa TV. E da Manchete vieram Nilton Travesso, Henrique Martins, David Grimberg, entre outros. Assim em 1994 teve grande sucesso o remake de "Éramos Seis" da Tupi, depois veio "As Pupilas do Senhor Reitor", com Juca de Oliveira, "Sangue do Meu Sangue", com Bia Siedl, "Os Ossos do Barão", etc. Após "Sangue do Meu Sangue" o SBT resolve abrir três horários para suas novelas, apostando na concorrência global e se desgasta economicamente. Antes as novelas passavam repetidamente em dois horários, mas a partir da abertura destes três horários foram colocadas três novelas distintas: "Antônio Alves, Taxista" (primeira produção com apoio da Televisiva e com a participação de atores latinos dublados), "Razão de Viver" e "Colégio Brasil" (à tarde). O remake de "Ossos do Barão" também é produzido. E esta fase vai até 1997.
E surge uma parceria com o canal argentino Telefe, para fazer uma trama infanto-juvenil, onde os atores eram brasileiros, o roteiro "abrasileirado" e a produção era feita em Buenos Aires. Assim, por 5 anos a novela "Chiquititas" fica no ar. Nos primeiros anos causa sucesso enorme. E uma pequena parceria com a Televisa começa a existir sob as novas tramas no SBT. Com texto de Walcyr Carrasco, "Fascinação" é a primeira novela a utilizar ponto eletrônico para os atores interpretarem seus papéis no país. Nilton Travesso e outros profissionais que desde 1994 estavam no canal abandonam o núcleo de dramaturgia do SBT alegando a desaprovação aos métodos latinos e tramas que o canal se dispunha a fazer. Assim, forma-se o núcleo de Travesso na Rede Bandeirantes, lançando a trama "Serras Azuis" em 1997. E aos poucos esse núcleo se desfacela em dois: metade vai para Rede Record e outra vai para Globo. Na época que o SBT apresenta Fascinação estabelece um acordo sob a direção José Paulo Vallone, que através de sua produtora JPO (precisamente pelo núcleo VPM Produções) produz o remake da novela "O Direito de Nascer". E por problemas com a família de Félix Caignet, autor desta novela (que foi criada como radionovela em Cuba e que depois foi radionovela e novela no Brasil e em vários lugares do mundo) e por problemas orçamentários a novela não vai ao ar e fica engavetada no Brasil até 2001, sendo que foi exibida em muitos lugares do mundo e fez sucesso em alguns deles, como no caso de Portugal ao ser passado pelo canal TVI, concorrente da SIC (empresa que exibe novelas da Rede Globo e já fez produções conjuntas como "Os Maias", de 2001).

Por causa da audiência várias vezes a Globo alterou suas tramas, quando viu que o público estava fugindo. Aguinaldo Silva escreveu novelas regionalistas, Sílvio de Abreu se dividiu entre novelas do estilo de "Rainha da Sucata" (1990) e "A Próxima Vítima" (1995). Ivani Ribeiro se dedicou a remakes seus. Outros destaques foram "Barriga de Aluguel" de Glória Perez, "Vamp" de Antônio Calmon, "Quatro por Quatro" de Carlos Lombardi, "Por Amor" e "Laços de Família" de Manoel Carlos.






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