Eu interpretei Osama Bin Laden em "A Hora Mais Escura"
Londres – Se eu soubesse que a imagem de meu nariz saindo de um saco preto seria o ponto alto da minha participação no filme "A Hora Mais Escura", de Kathryn Bigelow, não teria sofrido tanto durante oito semanas, enquanto me preparava para representar Osama Bin Laden.
Como alguém interpreta a face do mal? No começo eu não sabia se seria capaz de fazer isso. Não tinha um agente correndo atrás de mim, nem uma equipe para ajudar a me preparar para o papel. Eu não havia lido o roteiro e também não era magro o suficiente para me passar por Bin Laden.
Minha jornada para me tornar Bin Laden começou em março do ano passado, quando recebi a ligação de uma diretora de casting de Londres, que disse que estava atrás de mim há uma semana – aparentemente, o número de telefone que eu havia registrado no Spotlight, uma base de dados online usada para contatar atores, estava desatualizado. Pedi desculpas. Ela perguntou se eu poderia vê-la no dia seguinte. Respondi que sim, mas para quê? Ela disse que não poderia dizer.
Na semana seguinte, me ofereceram o papel do maior terrorista do mundo. Minha primeira reação foi uma expressão que não posso transcrever. Sou um londrino de 29 anos, um sique moderado com bacharelado em artes cênicas da Royal Holloway, na Universidade de Londres – muito longe do terrorista multimilionário saudita de 54 anos que foi um fugitivo por mais de uma década, após assassinar 3.000 pessoas. Acho que sou um pouco parecido com Bin Laden, e tenho 1,93 m – mais ou menos a mesma altura que ele. Tenho a pele escura e um nariz proeminente, mas ninguém nunca me parou na rua e gritou: "Ei, você não é o Bin Laden?". (Além disso, acho que meu sorriso não é tão assustador quanto o dele. Pelo menos é o que minha namorada diz.)
Não é fácil ser um ator de origem asiática na Inglaterra ou nos Estados Unidos. Há poucos papéis importantes para nós e ainda menos gente disputa esses papéis.
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