AS MULHERES DURANTE O HOLOCAUSTO
Anne Frank com 11 anos de idade, dois anos antes de se esconder dos nazistas. Foto tirada em Amsterdã, Holanda, 1940.
O regime nazista condenou à perseguição e à morte todos os judeus, homens e mulheres, sem distinção. O regime nazista freqüentemente submetia as mulheres, judias e não judias, a brutais perseguições que, na maioria das vezes, estavam estritamente relacionadas ao sexo das vítimas. A ideologia nazista também canalizou seu ódio em mulheres ciganas, soviéticas, polonesas, e portadoras de deficiências que viviam institucionalizadas.
Alguns campos eram destinados apenas a mulheres, e outros tinham dentro das suas instalações áreas especialmente designadas para as prisioneiras. Em maio de 1939, as SS inauguraram Ravensbrück, o maior campo de concentração nazista para aprisionamento de mulheres. Até a libertação deste campo pelas tropas soviéticas, em 1945, estima-se que mais de 100.000 mulheres haviam sido lá encarceradas. Em 1942, as autoridades das SS construíram um complexo no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau (também conhecido como Auschwitz II) destinado a servir como como campo de prisioneiras, e entre as primeiras delas estavam as que as SS haviam transferido de Ravensbrück. Em Bergen-Belsen, no ano de 1944, as autoridades do campo construíram uma extensão feminina e, durante o último ano da Segunda Guerra Mundial, as SS para lá transferiram milhares de prisioneiras judias de Ravensbrück e Auschwitz.
Os alemães e seus colaboradores não poupavam nem as mulheres nem as crianças quando conduziam suas operações de assassinato em massa. A ideologia nazista apregoava o extermínio completo dos judeus, sem levar em consideração idade ou gênero. As SS e os agentes policiais colaboracionistas executaram esta política sob o código "Solução Final" e, em centenas de localidades do território soviético ocupado, homens e mulheres foram massacrados durante as operações de fuzilamento em massa. Durante as deportações, as mulheres grávidas e as mães com crianças de colo eram sistematicamente classificadas como "incapacitadas para o trabalho", sendo prontamente enviadas para os centros-de-extermínio, onde os oficiais geralmente as incluíam nas primeiras fileiras de prisioneiros a serem enviados para as câmaras de gás.
As judias ortodoxas, acompanhadas por crianças, eram especialmente vulneráveis, já que era mais fácil reconhecê-las pelos modestos trajes religiosos que usavam, o que as tornava facilmente identificáveis. Elas também eram as vítimas favoritas de atos de sadismo durante os massacres. O grande número de filhos nas famílias ortodoxas também transformava as mulheres destas famílias em alvos especiais da ideologia nazista.
As mulheres não-judias eram igualmente vulneráveis. Os nazistas cometeram extermínios em massa de mulheres ciganas no campo de concentração de Auschwitz; mataram mulheres portadoras de deficiências físicas e mentais nas chamadas operações de eutanásia T-4 e em outras similares; e também massacraram as que acusavam de serem partisansem muitas aldeias soviéticas entre 1943-1944.
Nos guetos e campos de concentração as autoridades alemãs colocavam as mulheres para trabalhar sob tais condições que não raro elas morriam enquanto executavam suas tarefas. As judias e ciganas eram sadicamente usadas pelos “médicos” e pesquisadores alemães como cobaias em experimentos de esterilização, e outras “pesquisas” cruéis e antiéticas. Nos campos e nos guetos as mulheres eram particularmente vulneráveis a espancamentos e estupros. As judias grávidas tentavam esconder a gravidez para não serem forçadas a abortar. As mulheres deportadas da Polônia e da União Soviética para fazerem trabalhos forçados eram sistematicamente espancadas, estupradas, ou forçadas a manter relações sexuais com alemães em troca de comida e outras necessidades básicas. Muitas vezes, as relações sexuais forçadas entre as trabalhadoras escravas oriundas da Iugoslávia, União Soviética ou Polônia, e homens alemães resultavam em gravidez, e se os "especialistas em raça" determinassem que a criança a nascer não possuía "genes arianos" suficientes, as mães eram forçadas a abortar, ou eram enviadas para darem à luz em maternidades improvisadas, onde as péssimas condições de higiene garantiriam a morte do recém-nascido. Outras eram expulsas para suas regiões de origem sem nenhuma comida, roupa, ou cuidados médicos.
Muitos grupos informais de "assistência mútua" foram criados dentro dos campos de concentração pelas próprias prisioneiras, as quais garantiam sua sobrevivência compartilhando informações, comida e roupas. Em geral, os membros destes grupos vinham da mesma cidade ou província, tinham o mesmo nível educacional, ou possuíam laços de família entre si. Outras sobreviveram porque as autoridades das SS as colocavam para trabalhar no conserto de roupas, na cozinha, lavanderia e na faxina.
As mulheres tiveram papel importante em várias atividades da resistência ao nazismo. Este foi o caso das mulheres que, previamente à guerra, eram membros de movimentos juvenis socialistas, comunistas ou sionistas. Na Polônia, as mulheres serviam como mensageiras que levavam informações para os guetos. Muitas mulheres conseguiram escapar escondendo-se nas florestas no leste da Polônia e da União Soviética, e servindo nas unidades armadas dos partisans>/i>. Na resistência francesa, da qual muitas judias participaram, a atuação das mulheres não foi menos importante. Sophie Scholl, uma estudante alemã da universidade de Munique, e membro do grupo de resistência White Rose, foi presa e executada em fevereiro de 1943 por divulgar propaganda antinazista
Algumas mulheres lideraram ou integraram organizações de resistência dentro dos guetos. Entre elas estava Haika Grosman, de Bialystok. Outras se engajaram na resistência dentro dos próprios campos de concentração, como em Auschwitz I, onde cinco judias que haviam sido colocadas para trabalhar na separação de munição na fábrica “Vistula-Union-Metal”--Ala Gertner, Regina Safirsztajn (também conhecida como Safir), Ester Wajcblum, Roza Robota, e uma mulher não identificada, possivelmente Fejga Segal—forneceram a pólvora que foi usada para explodir uma câmara de gás e matar vários homens das SS durante um levante de membros do Sonderkommando (Grupo Especial) judeu naquele campo, em de outubro de 1944.
Outras mulheres participaram ativamente das operações de resgate e socorro aos judeus na parte da Europa ocupada pelos alemães. Entre elas estavam as judias Hannah Szenes, pára-quedista, e a ativista sionista, Gisi Fleischmann: Szenes, que vivia na área do Mandato Britânico na Palestina, saltou de pára-quedas na Hungria, em 1944, para ajudar os judeus, mas terminou sendo barbaramente torturada pelos alemães; e Fleischmann era a líder do grupo ativista Pracovna Skupina, Grupo de Trabalho, que operava dentro do Conselho Judaico de Bratislava, e que tentou deter a deportação de judeus da Eslováquia.
Milhões de mulheres foram perseguidas e assassinadas durante o Holocausto. No entanto, para todos os efeitos, foi o enquadramento na hierarquia racista do nazismo ou a postura religiosa ou política dessas mulheres que as tornaram alvos, e não o seu sexo.
10 Filmes sobre o Holocausto
O termo Holocausto é reconhecido atualmente como o genocídio perpetrado a grupos politicamente indesejados pelo regime nazista de Adolf Hitler.
Por anos, durante a segunda guerra, foram exterminados não apenas judeus, mas também homossexuais, comunistas, sindicalistas, ciganos, eslavos, deficientes motores, deficientes mentais, testemunhas de jeová, mórmons, etc...
A importância do cinema na denúncia destes crimes deve ser reconhecida. Os eventos e os campos de concentração foram bem retratados em filmes e documentários. Sem estas imagens, é provável que os que negam a existência do holocausto, pudessem hoje ser levados a sério. Até por isso existe um claro lobby da indústria em premiar e reconhecer filmes sobre o tema, o que me parece justo.
Não foi fácil elaborar esta lista com apenas 10 exemplos e muitos de vocês vão sentir falta de vários filmes, alguns até óbvios, por isso peço que sugiram nos comentários filmes para compor uma 'lista-bônus'.
1. A Lista de Schindler (o melhor filme sobre o tema é também um grande projeto pessoal do cineasta judeu-americano Steven Spielberg. o filme foi feito em preto e branco, apenas com detalhes coloridos. conta a história de um industrial alemão que negociava com os nazistas a utilização de trabalhadores judeus em sua fábrica, poupando-os de serem levados para os campos de concentração. comovente, pungente, obra-prima)
2. O Pianista (Adrian Brody é um pianista judeu-polonês, que interpretava peças clássicas na rádio, quando as primeiras bombas caíram sobre a Polônia. o filme mostra a formação do gueto de Varsóvia e a luta pela sobrevivência deste personagem, escondendo-se nas ruínas da cidade. ótimo filme de Roman Polanski)
3. Os Falsários (um brilhante falsificador judeu é preso e cooptado pelos nazistas para coordenar a fabricação de cédulas estrangeiras numa gráfica montada dentro de um campo de concentração, onde ele e o grupo gozavam de algumas 'mordomias', como comer. excelente filme austríaco sobre o tema)
4. Filhos da Guerra - Europa Europa (conta a incrível história de um garoto que se safa dos campos de concentração, escondendo sua ascendência judaica e chegando a se alistar na juventude hitlerista, como exemplo de 'perfeito ariano'. brilhante filme da polonesa Agnieszka Holland)
5. Noite e Neblina (um dos mais importantes documentos da história do cinema. realizado em 1955, a partir de um convite do Comitê da História da Segunda Guerra ao cineasta Alain Resnais, para a comemorar o aniversário de libertação dos campos de concentração. as imagens, ora coloridas ora em preto e branco, foram as primeiras que tangibilizaram o Holocausto e chocaram o mundo)
6. O Refúgio Secreto (filme de 1975, conta a história real de uma família cristã holandesa que decide esconder judeus e membros da resistência num pequeno esconderijo em sua casa, até serem descobertos e levados a um campo de concentração. o filme escorrega um pouco na pieguice cristã, mas foi um dos primeiros a mostrar dramaticamente os campos de concentração)
7. O Diário de Anne Frank (uma menina holandesa vive com seus pais e irmã num sótão secreto, junto com mais uma família judia. ela escreve um diário onde conta seu cotidiano, os perigos e privações. feito em 1959, baseado num best-seller, comoveu uma geração)
8. O Homem do Prego (é um dos primeiros filmes a tratar do trauma causado aos sobreviventes do Holocausto. Rod Steiger - ótimo - é um operador de uma casa de penhores em Nova York, atormentado pelas lembranças dos campos de concentração. ótima direção de Sidney Lumet)
9. Bent (Clive Owen é um homossexual levado a um campo de concentração, mas lá troca o triângulo rosa, que identifica os gays, pela estrela amarela dos judeus. conhece e se apaixona por um outro prisioneiro que tem orgulho de usar o triângulo rosa)
10. Holocausto (minissérie americana que teve o mérito de levar aos grandes públicos as histórias do Holocausto. conta em paralelo as história de duas famílias, uma judia e outra alemã. a primeira tem Meryl Streep e seu marido que são separados e levados a campos de concentração. a outra experimenta a ascenção de um advogado içado a oficial nazista)
HOLOCAUSTO
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