quinta-feira, 27 de dezembro de 2012







I. ORIGEM DA MASSAGEM A história da massagem é tão antiga quanto a do homem. Em algum ponto de nossas vidas todos sofrem alguma lesão menor, dor ou desconforto. Nossa reação instintiva é a de friccionar ou segurar a área afetada para diminuir a dor. Esta técnica básica foi desenvolvida através dos milênios até o sistema de massagens que conhecemos hoje. Massagem é a manipulação sistemática de tecidos moles do corpo com objetivos terapêuticos. A maioria das culturas antigas praticavam algum tipo de toque terapêutico. Seus métodos de tratamento usavam ervas, óleos e formas primitivas de hidroterapia. Estudos arqueológicos indicam que, já na pré-História, o homem promovia o bem-estar geral e adquiria proteção contra lesões e infecções por meio de fricções no corpo. Seriam os primórdios do que hoje se entende por massagem. Há também registros de que civilizações da Antiguidade, como egípcios, hindus, gregos, romanos, chineses e japoneses, cerca de 300 a.C., fizeram referências sobre os benefícios da massagem para o bem-estar. Mas os primeiros a reconhecer as propriedades curativas dessa técnica de friccionar o corpo foram os chineses, que assinam a literatura mais remota que se tem notícia: o texto médico Nei Ching, escrito em 2800 a.C. Os monges taoístas chineses praticavam o "Qi Gong" - movimentos de meditação que revelam e cultivam a força da vida.. A medicina tradicional chinesa é baseada no princípio de que toda doença ou desconforto no corpo é devido a um desbalanço do "Qi". Por volta de 1000 a.C. os monges japoneses começaram a estudar o Budismo na China. Os japoneses aprenderam sobre massagem a partir das escrituras chinesas. Eles presenciaram os métodos de tratamento da medicina chinesa tradicional e levaram esses conhecimentos ao Japão. Os japoneses não somente adotaram o estilo chinês mas também o melhoraram através da introdução de novas combinações. Na India, por volta de 1800 a 500 a.C. a cultura indiana Védica espalhou-se para o Oeste através do Rio Ganges. Eles desenvolveram uma forma única de medicina conhecida como Medicina Ayurvédica. Eles escreveram vários grandes livros que registravam suas técnicas. Um deles chamado "Ayur Veda", que significa "Arte da Vida", data de 1700 a.C. e descreve algumas massagens simples e tratamentos herbais para várias condições. Os nativos Americanos também usavam aquecimento e massagens com ervas para tratar muitos problemas. Os Cherokee e os Navajo estavam entre as muitas tribos que friccionavam seus guerreiros antes das guerras e depois delas. A massagem também era usada para diminuir as dores do parto e das cólicas nas crianças. Os egípcios deixaram trabalhos artísticos que mostram a massagem nos pés. Os egípcios antigos, budistas, persas e japoneses também a utilizavam no tratamento de várias doenças e lesões; e a massagem continuou a ser parte vital do tratamento médico até depois do quinto século d.C. A palavra massagem é de origem grega e significa amassar. Depois dos chineses, o pai da Medicina, o grego Hipócrates (460 a 377 a.C.), fez uso das propriedades terapêuticas da massagem, que ele denominou anatripisis, cujo significado é friccionar pressionando os tecidos. A expressão foi traduzida para o latim como frictio e permaneceu em uso nos Estados Unidos até 1870. Frictio significa fricção ou esfregação. Na Índia, a expressão usada para designar massagem era shampooing. Na China, era Cong Fou e, no Japão, ambouk. Hipócrates considerava a massagem uma ferramenta terapêutica muito importante; também Asclepíedes, outro médico grego teve uma grande influência no desenvolvimento da massagem. Ele firmou que existiam apenas 3 agentes terapêuticos: a hidroterapia, os exercícios das técnicas e a fricção. Galeno (129-199 d.C), escreveu cerca de 16 livros relacionados ao exercício da massagem. Os gregos a aplicavam nos atletas tanto antes como após um evento esportivo (apoterapia). Durante milhares de anos, as diversas civilizações se utilizaram de alguma técnica, seja ela superposição das mãos ou apenas fricção, para aliviar dores ou curar suas dores. Para os médicos gregos, a massagem era um dos principais meios de cura e alívio da dor. Hipócrates escreveu que "O médico deve ter experiência em muitas coisas, mas certamente dever ser habilidoso na fricção... Porque a fricção pode unir uma junta que está com demasiada folga e afrouxar uma junta que está demasiadamente rígida". Os antigos Gregos valorizavam os benefícios da massagem usando-a em muitos eventos da vida diária. As técnicas foram desenvolvidas para ajudar atletas a manterem seus corpos nas melhores condições para as competições. Eles também usavam a massagem para relaxamento. Heródoto, um historiador que viveu de 484 a 425 a.C., registrou o fato de que certas ervas tinham uma ação sedativa e outras eram mais refrescantes. Hipócrates usava essas ervas com óleos e massagens para tratar muitas condições médicas. Ele dizia que: "aquele que quiser estudar medicina deve se aperfeiçoar na arte da massagem". Homero na sua obra Odisséia descreve a massagem como "um bem-vindo alívio para os heróis de guerra exaustos". Por volta de 326 a.C. elementos da medicina ayurvédica tornaram-se parte integral da medicina grega. Os Romanos aprenderam muito das técnicas médicas com os gregos. Galeno, um médico notável de vários imperadores no primeiro século d.C. usava massagens para tratar muitos tipos de doenças e lesões físicas. Ele citava Hipócrates dizendo: "fricção, se forte, enrijece o corpo, se suave, relaxa... fricção deve ser empregada quando um corpo fraco deve ser tonificado, ou um endurecido deve ser suavizado, ou muita fluidade prejudicial deve ser dispersada, ou um corpo magro deve ser nutrido". Quem era sadio seria massageado na sua própria casa pelo seu médico pessoal, mas muitos outros recebiam o tratamento em banhos públicos. Plínio - famoso naturalista romano - era regularmente submetido a fricções para aliviar sua asma. Júlio César - grande imperador romano - sofria de epilepsia e para se ver aliviado de sua neuralgia (dor viva no trajeto de um nervo e das suas ramificações, sem alteração aparente das partes doloridas) e dores de cabeça, era submetido diariamente a sessões de beliscões. Isto estimulava a produção de endorfina pelo organismo, aliviando suas neuralgias. Durante a Idade Média a massagem desempenhou um papel importante na tradição de cura dos eslavos, finlandeses e suecos. A combinação de práticas de saúde das pessoas comuns era freqüentemente associada com experiências sobrenaturais e massagens alienadas derivadas do pouco conhecimento científico da época. Durante a Idade Média, pouco se escreveu sobre massagem até que Pare, da França, no Sec. XVI trancreveu e publicou uma literatura antiga sobre fricções junto com sua própria aplicação específica para pacientes cirúrgicos. Seu trabalho foi reconhecido e a terminologia francesa para as técnicas específicas de massagem são usadas até hoje. Com o fim do 14º século veio o fim da Idade Média e o início da Renascença. O Renascimento trouxe muitas descobertas nas Artes e Ciências. Na medicina houve o abandono e mudança de séculos de velhos aprendizados de Galeno e a base espiritual das doenças. A massagem também começou a se tornar impopular a medida que a Europa sofria com dogmas religiosos repressivos e conservadores. Tocar não era considerado um método de tratamento porque envolvia prazeres corpóreos e eram considerados pecaminosos. Muito poucos avanços foram verificados até 1813, quando Pehr Henrik Ling, mestre em esgrima e professor de ginástica, estabeleceu o Instituto Real Central de Ginástica na Suécia. Ling formalizou uma série de movimentos de ginástica e técnicas de massagem que ficaram conhecidas como Massagem Sueca. Ling organizou a massagem e os exercícios terapêuticos num sistema que se tornou conhecido como ginástica médica. Os seguidores de Ling continuaram seu trabalho e por volta de 1860 havia institutos similares na Inglaterra, França, Áustria, Alemanha e Rússia. Ele desenvolveu um sistema de massagem que usava muitas posições e movimentos dos ginastas suecos. Este sistema era baseado nas novas descobertas sobre circulação sanguínea e linfática que os chineses já usavam há séculos. Em 1889 médicos ingleses apenas começaram a reconhecer favoravelmente a massagem porque a Rainha Vitória apoiava o método. Nessa época muitos praticantes abusaram da técnica fazendo falsas declarações ou cobrando altas somas dos pacientes. Por causa dos escândalos em matéria de massagem em 1894, a massagem como legítima arte médica decaiu no final do século XIX. Na virada do século, a massagem começou a ser adotada nos Estados Unidos, devido a escritos e influência de Douglas Grahm, um médico de Boston, e John Kellogg, de Battle Creek. Durante os 50 anos subsequentes, várias novas abordagens foram identificadas no mundo ocidental. Na Inglaterra, Mennell e Cyriax, médicos ingleses, usaram uma aplicação específica de massagem com fricção profunda para estruturas articulares profundas contráteis e não contráteis lesadas, tanto em condições agudas como crônicas. Este método ganhou popularidade nos Estados Unidos nos últimos anos. A epidemia de pólio de 1918 reviveu a técnica da massagem. Pesquisas sobre os benefícios da massagem na prevenção de complicações de paralisia começaram nesse tempo. O desenvolvimento de técnicas especiais tem ocorrido também na Alemanha. Elizabeth Dicke, fisioterapeuta alemã, descobriu que a massagem profunda sobre uma parte do corpo poderia trazer efeitos distintos, observáveis nas partes do corpo distantes da parte que estava sendo tratada. Ela chamou esse fenômeno de massagem de zona reflexa ou Bindegewebsmassage (conhecida em seu país como massagem do tecido conjuntivo). Esta abordagem de massagem aplica apalpação superficial e profunda para avaliar e tratar locais de espessamento muscular ou de tecido conectivo que podem estar na mesma distribuição segmentar do local de disfunção de estruturas periféricas ou viscerais. Segundo está relatado, Dicke criou seu sistema de massagem após corrigir com sucesso um distúrbio circulatório grave em seu próprio membro inferior através de massagem na coluna lombar. O trabalho de Dicke nessa área é a base, pelo menos em parte, para o que nós conhecemos como mobilização de tecidos moles e técnica de liberação miofascial. Uma variação da massagem de zona reflexa foi também descrita por outro médico alemão, Cornelius, que aplicou pressão profunda em pontos específicos, chamado de massagem em pontos nervosos. Esta pode ser a primeira vez que um tratamento oriental de acupressura ou Shiatsu, foi descrito na literatura médica ocidental. Durante os anos 60 houve um ressurgimento do interesse em métodos naturais para tratamento do corpo. Ao final dos anos 60 as ciências da saúde redescobriram os benefícios da atividade desportiva e da medicina preventiva dando ênfase a boa forma física e a consciência de que a falta de exercícios contribuíam para doenças cardiovasculares.. Nos anos 70 e 80 a acupressura recebeu mais atenção que qualquer outra modalidade de trabalho físico. A tendência atual parece sugerir o aumento da popularidade da massagem e de terapias relacionadas para redução de estresse e de problemas musculo-esquelético crônicos. A massagem pode ser considerada uma parte da medicina manual e através da história ergueu-se independentemente para promover a saúde. A medicina manual cresceu hoje de tal forma que se tornou a base para osteopatia, quiropraxia e terapias físicas. Desde então tem crescido o interesse em massagem e seu uso para diminuir o estresse e reduzir os efeitos de algumas doenças. Hoje ainda existe algum ceticismo na profissão médica em relação a justificativas científicas do uso da massagem como uma técnica de cura. Entretanto, em 1992 o "Touch Research Institute" foi fundado na Faculdade de Medicina da Universidade de Miami e inteiramente voltado ao estudo do toque e sua aplicação na ciência e na medicina. Eles mostraram que a massagem pode induzir a aumento de peso em crianças prematuras, alivia sintomas de depressão, reduz os hormônios que causam estresse, alivia dores e altera positivamente o sistema imunológico de crianças e adultos. A massagem está sendo reconhecida como uma alternativa viável e útil para ajudar a medicina moderna. Na nossa sociedade moderna, onde as desordens psicológicas relacionadas com o estresse estão se tornando o problema de saúde número um, a massagem tende a ganhar popularidade para melhorar a saúde e o bem estar das pessoas.

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